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domingo, 14 de abril de 2019

O Legado Papal na França

Pedro, cardeal de Santa Maria na Via Lata, foi enviado à França como legado, com autoridade, no caso da obstinação do rei, para estabelecer seus domínios sob o banimento papal. Mas o rei tratou com desprezo e desafio a ordem de afastar sua amada Inês, e receber novamente a odiada Ingeborg. O papa foi inflexível. "Se, dentro de um mês", escreveu ele ao legado, "após sua comunicação, o rei da França não receber sua rainha com afeição conjugal, todo o seu reino deve ser interditado -- um interdito com todas as suas terríveis consequências". Um concílio ocorreu em Dijon, mensageiros do rei apareceram, protestando em seu nome contra todos os outros procedimentos, e apelando a Roma. Mas as ordens ao legado eram peremptórias. O interdito foi proclamado com todo as suas terríveis circunstâncias, sendo assim descrito: -- "À meia-noite, cada padre, levando uma tocha, cantou um salmo para o miserável, e orações para os mortos, as últimas orações que deveriam ser proferidas pelo clero da França durante o interdito. Os crucifixos foram cobertos com um tecido preto; as relíquias escondidas dentro das tumbas; a hóstia foi toda consumida. O cardeal, vestindo sua estola violeta, pronunciou os territórios do rei da França como estando sob o banimento. Todos os serviços religiosos daquela época cessaram; não havia mais acesso ao céu pela oração ou oferta. Apenas os soluços das mulheres mais velhas e crianças quebravam o silêncio. O interdito foi pronunciado em Dijon. Apenas o batismo das crianças e a extrema unção dos moribundos foram permitidos pela igreja durante o período em que o reino esteve sob a maldição do banimento papal".

Pela culpa do soberano a nação inteira deve sofrer -- assim deve ter pensado o papa -- para que seu coração possa ser amolecido, seja por piedade pela miséria de seu povo ou pelo medo de seu descontentamento; pois a morte nessa época era tida como a perdição eterna. "Ó, quão terrível", exclamou uma testemunha ocular, "quão lamentável espetáculo aquilo foi em todas as nossas cidades! Ver as portas das igrejas vigiadas, e cristãos tirados delas como cães; todos os ofícios divinos cessaram; o sacramento do corpo e do sangue para a alma não mais se oferecia; o povo não se reunia mais como de costume nos festejos aos santos; os corpos dos mortos não eram admitidos ao enterro cristão, e o fedor deles infectava o ar, e a visão repugnante deles chocava os vivos: apenas a extrema unção e o batismo eram permitidas. Houve um profundo silêncio por todo o reino, enquanto os órgãos e as vozes daqueles que cantavam os louvores de Deus foram silenciadas em todos os lugares"*.

{*Ver Latin Christianity, vol. 4, p. 67.} 

domingo, 27 de maio de 2018

São Bernardo, Abade de Claraval

O mais celebrado desses homens [do século XII] é o famoso São Bernardo. Ele é considerado o mais brilhante representante da religião católica romana que a igreja teve desde os dias de Jerônimo, Ambrósio, Agostinho, e Gregório. Por meio século, ele aparece diante de nós como o chefe dirigente e governante da Cristandade -- o oráculo de toda a Europa. Os papas são perdidos de vista sob a luz mais clara do abade. "Ele é o centro", diz um de seus biógrafos, "sobre os quais se reúnem os grandes eventos da história cristã, de cuja mente fluem os impulsos que animam e guiam a Cristandade latina, a quem convergem os pensamentos religiosos dos homens. Ele governa, da mesma forma, o mundo monástico, os concílios dos soberanos seculares, e os desenvolvimentos intelectuais da era. Acredita-se, por uma era de admiração, que ele tenha confundido o próprio Abelardo, e que tenha reprimido as mais perigosas doutrinas de Arnoldo de Bréscia". Para aqueles que já leram sobre sua vida, essa imagem não parecerá exagerada. Mas, ao lançarmos luz sobre aqueles tempos, tomaremos nota primeiramente sobre sua criação e educação.

Bernardo nasceu de nobre parentesco na Borgonha. Seu pai, Tescelin, era um cavaleiro de grande bravura e piedade, de acordo com as ideias religiosas predominantes na época. Sua mãe, Alèthe, era também bem nascida, e um modelo de devoção e caridade. Bernardo, o terceiro filho deles, nasceu em Fontaines, perto de Dijon, em 1091. Desde sua infância ele era pensativo e devotado à religião e ao estudo. Sua piedosa mãe morreu enquanto ele ainda era jovem, deixando seis filhos e uma filha. Ele foi, então, deixado livre para escolher sua ocupação de vida. Qual seria? Ele não tinha muita escolha: ou seria um cavaleiro lutador ou um monge em jejum e oração. Ele resolveu se retirar do mundo e devotar-se à vida monástica. Aos vinte e três anos, ele entrou para o mosteiro de Cister.

Quando sua família ouviu pela primeira vez sobre sua decisão, ele sofreu muita oposição. Seu pai, Tescelin, e seus dois irmãos, Guido e Geraldo, estavam seguindo o grande Duque da Borgonha em suas guerras, como militares nobres. Mas tal era a força de caráter de Bernardo que ele influenciou seus irmãos, um após o outro, e também sua irmã, a fazerem o voto; e assim toda a família, em um curto período de tempo, desapareceu dentro das paredes do convento.

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