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domingo, 27 de maio de 2018

A Era dos Milagres e das Visões

Para aqueles que estão familiarizados com o espírito e temperamento da era medieval, essas crenças sem fundamento não são motivo de surpresa; mas para aqueles que estão familiarizados apenas com a época em que vivemos pode parecer estranho que as pessoas pudessem ser tão fracas para acreditar nessas coisas*. E se não fosse por seu valor histórico não acharíamos essas coisas dignas de serem transcritas. Mas essas coisas mostram, como nada mais pode, os modos de pensamento e a medida do desenvolvimento mental do homem na época, e sobre esse terreno podemos entender e explicar porque tais histórias tolas e ficções absurdas eram recebidas como a presente revelação de Deus. O resultado foi, como Satanás pretendia até mesmo no caso de verdadeiros cristãos, que a Palavra de Deus, que é o único padrão de fé e prática, fosse completamente deixada de lado, e as mentiras dos enganadores cridas. Um homem bom e talentoso, como Bernardo deve ter sido, estava profundamente imbuído da credulidade supersticiosa de sua época. Ele acreditava, juntamente com outros, que Deus tinha realizado milagres através dele. Mas todos os homens no século XII, e por vários séculos, tanto antes como depois, criam em milagres, visões, revelações, e na interferência tanto de anjos bons quanto de maus em coisas terrenas.

{* N. do T.: Este livro foi escrito no século XIX. Hoje em dia, não é incomum vermos novamente multidões crendo em "fábulas profanas", como foi profetizado sobre os "últimos tempos" (1 Timóteo 4:1,7). }

O efeito do sistema monástico sobre o povo em geral na idade das trevas é devido à prontidão deles em crer em qualquer coisa que um monge dizia, especialmente quando se tratava sobre o bem ou o mal, o céu ou o inferno. Os sinos prateados dos conventos constantemente lembravam o senhor feudal e seus vassalos da ocupação celestial dos monges, o que, para suas mentes supersticiosas, devia surtir um grande efeito. E não é de se admirar. Ali no vale solitário, em meio ao isolamento da natureza, ficava o mosteiro santo. O príncipe, o camponês e o indigente podiam bater em seus portões e encontrar abrigo dentro de suas paredes sagradas. A paz era prometida nesta vida a todos que entrassem, e o céu após a morte. O coro de canções de vigílias e matinas durante a noite devia apelar para os sentimentos religiosos de todos ao redor, e enchia-os da mais santa admiração e reverência por essas pessoas celestiais. Por isso, o mosteiro era considerado o portão do céu, e todos os seus internos como servos do Altíssimo. Era, sem dúvida, uma grande misericórdia naquela época para o pobre, e para o povo em geral, especialmente durante o reinado do feudalismo. 

domingo, 9 de abril de 2017

A Ignorância e Credulidade da Época

Tão profunda era a ignorância e credulidade daqueles tempos que as mais absurdas fábulas eram recebidas com grande reverência por todas as classes. Os astutos padres sabiam como vestir suas fraudes religiosas com a mais especiosa piedade, e como cegar tanto o rei como o povo. De acordo com a lenda, Constantino foi curado da lepra pelo papa Silvestre; e assim, o imperador, repleto de gratidão, renunciou, em favor do papa, a livre e perpétua soberania de Roma, da Itália, e das províncias do Ocidente; e resolver fundar uma nova capital para si mesmo no Oriente [Constantinopla].

O objetivo de Adriano em forjar tal escritura, e em escrever tal carta, foi, sem dúvida, influenciar Carlos Magno para que imitasse a alegada liberalidade de seu grande predecessor. Se ele meramente desse ao papa a posse da dita doação de Constantino, ele estaria apenas agindo como o executor da escritura; se ele aspirasse ser um benfeitor espontâneo da igreja, ele deveria ir além dos limites da escritura de doação original. Mas ainda não sondamos as profundezas dessa falsificação. Ela serviu para provar que: (1) os imperadores gregos, por todos esses séculos, eram culpados de usurpação e de roubar o patrimônio de São Pedro; (2) que era justificável que os papas se apropriassem de seu território e se rebelassem contra a autoridade imperial; (3) que as doações de Pepino e Carlos Magno eram nada mais que a restituição de uma pequena porção dos justos e legítimos domínios originalmente concedidos à cadeira de São Pedro; e (4) que ele, Carlos Magno, deveria considerar-se como devedor de Deus e de Sua igreja enquanto um único item dessa dívida inalienável permanecesse sem ser paga.

Tais eram alguns dos convenientes efeitos do documento para os propósitos de Adriano na época; mas, embora possa ter sido produtivo de grandes vantagens ao papado, tanto então como depois, a falsificação há muito foi exposta. Com a restauração das cartas e da liberdade, a escritura fictícia foi condenada, assim como seus Falsos Decretos -- a mais audaciosa e elaborada de todas as fraudes religiosas. Falando nos Decretos, Milman observa: "Eles são então abandonados por todos; nenhuma voz é erguida em seu favor; o máximo que é feito por aqueles que não podem suprimir todos os lamentos por sua exposição é aliviar a culpa do falsificador, questionar ou enfraquecer a influência que eles tiveram em seus próprios dias e por toda a história posterior do cristianismo."*

{* Milman, vol. 2, p. 375; Greenwood, livro 6, capítulo 3, p. 82.}

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