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domingo, 28 de agosto de 2016

Os Invasores Bárbaros

A maioria de nossos leitores, até mesmo os mais jovens, já devem ter ouvido sobre "O Declínio e Queda do Império Romano" -- o quarto grande império mundial de que falou o profeta Daniel e João no Apocalipse. Ele tinha estado em declínio já por algum tempo, e estava rapidamente se aproximando de sua queda, quando Teodósio foi chamado ao trono. As fronteiras eram ameaçadas por todos os lados pelos bárbaros, que habitavam em terras vizinhas ao mundo romano. "Nas costas de cada um dos grandes rios que limitavam o império", diz o decano Milman, "apareceu uma hoste de invasores ameaçadores. Os persas, os armênios e os ibéricos estavam preparados para passar o Eufrates ou a fronteira oriental; o Danúbio já tinha proporcionado uma passagem para os godos; atrás deles vinham os hunos, em enxames ainda mais formidáveis a se multiplicarem; os francos e o resto das nações germânicas se aglomeravam junto ao Reno". Esta assustadora formação militar de invasão bárbara mostrará ao leitor, de relance, a então posição do quatro império, e o quão fácil é para Deus quebrar em pedaços o ferro, assim como ele quebrou o cobre, a prata e o ouro.*

{*N. do T.: para mais detalhes sobre a profecia de Daniel aqui mencionada, leia Breve História da Humanidade, de W. W. Fereday. Link: http://manjarcelestial.blogspot.com.br/2013/05/breve-historia-da-humanidade.html}

Dentro dos limites da terra romana a idolatria ainda existia, e sua adoração continuava imperturbável. Seus milhares de templos, em toda sua antiga grandeza, e suas cerimônias imponentes, cobriam a terra. Dificilmente um cristão poderia se voltar para qualquer lugar sem que visse um templo e inalasse um incenso oferecido aos ídolos. O cristianismo tinham apenas se erguido ao nível da tolerância em relação aos pagãos. O arianismo e o semiarianismo, em suas muitas formas, prevaleciam. Em Constantinopla e no Oriente eles eram supremos. Outras heresias abundavam. Tal era o estado das coisas, tanto dentro quanto fora do império, durante a ascensão de Teodósio. No entanto, para os detalhes sobre sua história civil, devemos sugerir aos leitores os autores já citados. Apenas gostaríamos de acrescentar que ele foi usado por Deus para deter, por um tempo, o progresso da invasão; para demolir as imagens e alguns dos templos de adoração pagã; para abolir a idolatria; para suprimir a superstição; para fazer com que as decisões do concílio de Niceia prevalecessem em todos os lugares; e para dar triunfo e predominância à profissão do cristianismo.

Teodósio, Apelidado de O Grande

A medida de nosso interesse na história dos imperadores romanos deve ser proporcional ao conhecimento que eles tinham da verdade, e do tratamento deles para com os cristãos. Se não procurássemos discernir a mão de Deus no governo deles seria cansativo e inútil, nesse distante período, examinar o que resta deles. Mas enxergar a mão de Deus, e ouvir Sua voz, e traçar a linha prateada de Sua graça através desses tempos rudes, nos mantém na companhia dEle próprio, e assim nossa experiência é aumentada. Mas quase tudo depende, quanto ao serviço de Deus, ou à bênção para nós mesmos, do motivo ou objetivo com que estudamos a história da igreja, e quais são seus efeitos. De acordo com esse princípio de estima, Teodósio demanda um estudo sério e cuidadoso. Ele era um ministro de Deus, assim como era o imperador romano, que foi usado por Ele para subjugar o arianismo no Oriente, e para abolir a adoração aos ídolos por todo o mundo romano. A idolatria é o pecado mais ousado do homem, e nunca poderá ser ultrapassado até que "se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus." (2 Tessalonicenses 2:3,4). A expressão completa dessa blasfêmia é ainda futura, e sinalizará o julgamento imediato e o amanhecer do dia milenial.

Mas o zelo de Teodósio não era apenas negativo. Ele apoiou o cristianismo, de acordo com sua compreensão, mais vigorosamente do que qualquer de seus predecessores. Ele completou o que Constantino começou e o superou, e muito, em zelo e seriedade cristã. Logo após seu batismo ele reuniu um concílio, que ocorreu em Constantinopla em 2 de maio de 381. Os principais assuntos pelos quais o concílio foi convocado eram os seguintes: dar maior plenitude e definição ao credo niceno; condenar as heresias, tais como as dos arianos, eunomianos, eudoxianos, sabelianos, apolinarianos, e outros; e tomar medidas para a união da igreja.

domingo, 17 de julho de 2016

A Controvérsia Ariana

Mal tinha a paz exterior da igreja sido assegurada pelo decreto de Milão e ela foi distraída por dissensões internas. Pouco após o rompimento da cisma donatista na província da África, a controvérsia ariana, que tinha sua origem no Oriente, se estendeu a todas as partes do mundo. Já falamos dessas raivosas contendas como o mais amargo fruto da união antibíblica da igreja com o Estado. Não que elas necessariamente surgiram a partir dessa união, mas pelo fato de Constantino ter se tornado o chefe declarado e ostensivo da igreja, e por ele presidir em suas assembleias solenes, questões de doutrina e prática produziam uma agitação por todo o corpo da igreja, e não apenas na igreja como também exerciam uma poderosa influência política sobre os assuntos do mundo. Sendo o império então cristão, ao menos em princípio, tais questões eram de interesse e importância mundial. A partir daí a controvérsia ariana foi a primeira que rasgou todo o corpo de cristãos, e dispôs em quase todas as partes do mundo os partidos hostis em implacável oposição.

Heresias de natureza semelhante à de Ário tinham aparecido na igreja antes de sua ligação com o Estado, mas sua influência raramente se estendia além da região e do período de seu nascimento. Após alguns debates ruidosos e palavras raivosas, a heresia caía em desonra, e era logo quase esquecida. Mas foi muito diferente com a controvérsia ariana. Constantino, que se sentava no trono do mundo e assumia ser a única cabeça da igreja, interpôs sua autoridade de modo a prescrever e definir os princípios precisos da religião que ele tinha estabelecido. A Palavra de Deus, a vontade de Cristo, o lugar do Espírito, as relações celestiais da igreja, foram todas perdidas de vista -- ou melhor, nunca tinham sido vistas pelo imperador. Ele tinha provavelmente ouvido algo sobre as numerosas opiniões pelas quais os cristãos se dividiam; mas ele viu, ao mesmo tempo, que eles eram uma comunidade que tinha continuado a avançar em vigor e magnitude; que eles eram realmente unidos em meio às heresias, e fortes sob a mão de ferro da opressão. Mas ele não podia ver, nem podia entender, que então, apesar de seu fracasso, ela estava olhando para o Senhor e inclinando-se apenas nEle neste mundo. Qualquer outra mão estava contra ela e era guiada pelo trabalho e pelo poder do inimigo. Mas, declaradamente, ela estava prosseguindo através do deserto, encostada em seu Amado, e nenhuma arma forjada contra ela podia prosperar.

O imperador, sendo completamente ignorante das relações celestiais da igreja, pode ter pensado que, como ele podia dar-lhe completa proteção da opressão externa, ele podia também, pela sua presença e poder, dar-lhe paz e descanso das dissensões internas. Mas ele mal sabia que, não obstante estas estarem muito além de seu alcance, a própria segurança, facilidade mundana e indulgência que ele tão generosamente concedia ao clero eram os principais meios que fomentavam discórdias e inflamavam as paixões dos disputantes. E assim aconteceu que ele era continuamente atacado pelas reclamações e acusações mútuas de seus novos amigos.

sábado, 26 de março de 2016

O Efeito da Nova Ordem Clerical

Pode ser justo supor que aqueles bons homens, por quem uma nova ordem de coisas foi trazida para a igreja, tendo excluído o livre ministério do Espírito Santo nos membros do corpo, desejavam de coração o bem-estar da igreja. É evidente que Inácio, por esses meios, esperava evitar "divisões". Mas, por mais bem intencionados que fossem seus motivos, é o cúmulo da loucura humana - se não pior - interferir com, ou procurar mudar, a ordem de Deus. Este foi o erro de Eva, e todos conhecemos muito bem as consequências. Foi também o pecado original da igreja, pelo qual ela tem sofrido por estes últimos 18 séculos {* N. do T.: este livro foi escrito no século XIX}.

O Espírito Santo enviado do céu é o único poder de ministério, mas o Senhor tem a liberdade de escolher e empregar Seus próprios servos. Os arranjos e nomeações humanas necessariamente interferem com a liberdade do Espírito. Elas extinguem o Espírito Santo: apenas Ele sabe onde está a capacidade, e onde, quando e como dispensar os dons. Falando da igreja como era nos dias dos apóstolos, é dito: "Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer." Também lemos: "Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil." (1 Coríntios 12:4-7,11). Aqui tudo está nas mãos divinas. O Espírito Santo dispensa o dom. Este deveria ser exercido no reconhecimento do senhorio de Cristo; e Deus dá eficácia ao ministério. Quão maravilhoso é ter o Espírito, o Senhor, e Deus como a fonte, o poder e o caráter do ministério! Quão grande, e quão triste, é a mudança disto para o rei, os sacerdotes e o povo! Não é isso apostasia? Mas enquanto nos opomos à mera nomeação humana ao ofício, seja qualificado ou não, contenderíamos mais seriamente pelo ministério da Palavra tanto para santos* quanto para pecadores.

{N. do T.: lembrando que "santos" na Novo Testamento refere-se àqueles salvos por Cristo, justificados (tornados justos) gratuitamente pela fé em Jesus. "Chamados santos" (Rm 1:7).}

Infelizmente a igreja logo descobriu que o impedimento do ministério, do modo como nos é apresentado na Palavra de Deus, e a introdução de uma nova ordem de coisas não impediu que divisões, heresias e falsos mestres se manifestassem. É verdade que a carne, até no mais verdadeiro e dotado cristão, pode se manifestar; mas quando o Espírito de Deus está agindo em poder, e a autoridade da Palavra é mantida, o remédio está em mãos: o mal será julgado em humildade e fidelidade a Cristo. A partir dessa época - o início do segundo século, e até mesmo um pouco antes disso - a igreja foi muito perturbada por heresias; e com o passar do tempo, as coisas nunca melhoraram, mas sempre pioraram.

Irineu, um cristão de grande fama, que sucedeu Potino como bispo de Lion em 177 d.C., nos deixou muita informação sobre o assunto das primeiras heresias. Supõe-se que tenha escrito, no ano 183, seu grande livro "Contra as Heresias", no qual dizem conter uma defesa da santa fé católica, e um exame e refutação das falsas doutrinas defendidas pelos principais hereges.*

{* Irineu contra as Heresias. Clarke, Edinburgo.}

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