domingo, 15 de novembro de 2020
A Unidade dos Irmãos
domingo, 4 de outubro de 2020
Wycliffe e o Governo
A fama de Wycliffe como defensor da verdade e da liberdade não estava mais confinada à Universidade de Oxford. O papa e os cardeais o temiam e observaram minuciosamente seus procedimentos. Mas, por outro lado, o rei e o parlamento nutriam uma opinião tão elevada de sua integridade e julgamento a ponto de consultá-lo sobre um assunto de grande importância para a Igreja e o Estado.
Por volta do ano 1366, surgiu uma controvérsia entre o papa Urbano
V e o rei Eduardo III como consequência da renovação da exigência de um tributo
anual de mil marcos, que o rei João se comprometera a pagar à Sé Romana como um
reconhecimento da superioridade feudal do pontífice romano sobre os reinos da
Inglaterra e da Irlanda. O pagamento desse tributo humilhante nunca foi
regular, tendo sido totalmente interrompido por trinta e três anos. Urbano
exigiu o pagamento integral das dívidas. Eduardo recusou, declarando-se
decidido a manter seu reino em liberdade e independência. O parlamento e o povo
simpatizaram com o rei. A arrogância do papa causou grande agitação na
Inglaterra; ambas as casas do parlamento foram consultadas; a resolução da
questão interessava a todas as classes, e até mesmo a toda a Cristandade.
Wycliffe, que já era um dos capelães do rei, foi nomeado para responder aos
argumentos papais, e assim efetivamente provou que o cânon, ou lei papal, não
tem força quando se opõe à Palavra de Deus, e que o papado daquele dia em
diante cessava de reivindicar a soberania da Inglaterra. Os argumentos de
Wycliffe foram usados pelos senhores no parlamento, que resolveram
unanimemente manter a independência da coroa contra as pretensões de Roma. Os
discursos curtos, enérgicos e simples dos barões nesta ocasião são curiosos e
característicos da época.
No ano de 1372, Wycliffe foi elevado à cadeira teológica na
Universidade de Oxford. Este foi um passo importante na causa da verdade e
usado pelo Senhor. Sendo um Doutor em Divindade, ele tinha o direito de
ministrar palestras sobre teologia. Ele falava como um mestre aos jovens
teólogos de Oxford, e, tendo tal autoridade nas escolas, tudo o que ele dizia era
recebido como um oráculo. Seria impossível avaliar a influência benéfica que
exerceu sobre a mente dos alunos, que compareciam em grande número naquela
época. A invenção da imprensa ainda não havia fornecido livros ao estudante, de
modo que ele praticamente dependia em tudo da voz e da energia viva do
professor público. Centenas de pessoas que o ouviam, por sua vez, tornar-se-iam
também professores públicos, levando adiante a mesma semente preciosa.
A Inglaterra e o Papado
A submissão do rei João a Inocêncio III foi o ponto de virada na história do papado na Inglaterra. Na humilhação do soberano, toda a nação se sentiu degradada. Inocêncio foi longe demais, foi um abuso de poder presumido, mas que se voltou contra si mesmo em seu devido tempo. A Inglaterra jamais poderia esquecer tamanha prostração abjeta de seu rei aos pés de um sacerdote estrangeiro. A partir daquele momento, um espírito de descontentamento com Roma cresceu na mente do povo inglês. As usurpações, as reivindicações exorbitantes do papado, sua interferência na disposição dos bispados ingleses, frequentemente colocando o governo e a igreja em colisão e ampliando a brecha. Mas exatamente quando a paciência dos homens estava quase exaurida pelas muitas queixas práticas contra o papado, foi do agrado de Deus levantar um poderoso adversário para todo o sistema hierárquico -- o primeiro homem que abalou o domínio papal na Inglaterra desde sua fundação, e além disso um homem que amava sinceramente a verdade e pregava-a tanto aos eruditos como às classes mais baixas. Este homem era John Wycliffe, justamente denominado o precursor, ou Estrela da Manhã, da Reforma.
A parte inicial da vida de Wycliffe é envolvida em muita
obscuridade; mas a opinião geral é de que tenha nascido de uma linhagem humilde
nas redondezas de Richmond, em Yorkshire, por volta do ano de 1324. Seu destino
era o de se tornar um estudioso, o que, como somos informados, até os mais
humildes daqueles dias podiam aspirar. A Inglaterra era praticamente uma terra
de escolas; cada catedral, e praticamente cada mosteiro, tinha a sua; mas
jovens com mais ambição, autoconfiança, suposta capacidade e melhores
oportunidades aglomeravam-se em Oxford e Cambridge. Na Inglaterra, assim como
em toda a cristandade, aquela maravilhosa corrida de uma vasta parte da
população em direção ao conhecimento lotou as universidades com milhares de
alunos.*
{* Milman, vol. 6, pág. 100.}
John Wycliffe encontrou seu caminho para Oxford. Ele foi
admitido como aluno do Queen's College, mas logo foi transferido para o Merton
College, a mais antiga, a mais rica e a mais famosa das fundações de Oxford.
Supõe-se que ele teve o privilégio de assistir às palestras do muito piedoso e
profundo Thomas Bradwardine, e que de suas obras ele derivou suas primeiras
visões da liberdade da graça e da absoluta inutilidade de todo mérito humano, no
que diz respeito à salvação. Dos escritos de Grosseteste, ele captou pela primeira
vez a ideia de que o papa era um anticristo.
Wycliffe, de acordo com seus biógrafos, logo se tornou
mestre nas leis civil, canônica e municipal; mas seus maiores esforços foram voltados
para o estudo da teologia, não como meramente era aquela arte estéril que era
ensinada nas escolas, mas como aquela ciência divina que é derivada do espírito,
bem como da letra das Escrituras. No processo de tais investigações, ele teve
numerosas e formidáveis dificuldades contra as quais lutar. Foi um estudo que
a Igreja não aprovou e não previu. O texto sagrado era então negligenciado, os escolásticos
ocupavam o lugar da autoridade das Escrituras; a língua original do Novo, assim
como do Antigo Testamento, era quase desconhecida no reino. Mas, apesar de
todas essas desvantagens e desencorajamentos, Wycliffe seguiu seu caminho com
grande perseverança. "Sua lógica", diz alguém, "sua sutileza
escolástica, sua arte retórica, seu poder de ler as escrituras latinas, sua
erudição variada, podem ser devidos a Oxford; mas o vigor e a energia de seu
gênio, a força de sua linguagem, seu domínio sobre o inglês vernáculo, a alta
supremacia que ele reivindicou para as Escrituras, que por imenso trabalho ele publicou
na língua vulgar – isto vinha dele próprio, estas coisas não podiam ser aprendidas
em nenhuma escola, e nem alcançadas por nenhum dos cursos ordinários de estudo.
"*
{* Latin Christianity, vol. 6, pág. 103.}
domingo, 27 de setembro de 2020
As Primeiras Grandes Escolas de Erudição
O surgimento de escolas públicas ou academias no século XII e o aumento da atividade intelectual, sem dúvida, contribuíram muito para o enfraquecimento do papado e da aristocracia feudal. Isso abriu caminho para o surgimento e o estabelecimento do terceiro estado no reino -- as classes médias -- e para o empreendimento comercial. O iluminismo e as liberdades da Europa avançaram continuamente a partir desse período. Escolas foram erguidas em quase todos os lugares, a sede de conhecimento aumentou. "Os reis e príncipes da Europa, vendo as vantagens que uma nação pode tirar do cultivo da literatura e das artes úteis, convidaram homens eruditos para seus territórios, estimularam o gosto pela informação e recompensaram-nos com honras e emolumentos." Mas com tal aumento da atividade mental, muitas doutrinas e opiniões loucas e perigosas foram ensinadas. A teologia escolástica, a filosofia aristotélica e o direito civil e sagrado tiveram seu lugar e reputação. Foi por volta dessa época, meados do século XII, que as grandes universidades de Oxford, Cambridge e Paris foram fundadas, além de muitas outras no continente. Grego e hebraico foram estudados e palestras dadas na forma de exposições e comentários sobre as Sagradas Escrituras, que o Senhor poderia usar para abençoar os estudantes e, por meio deles, a outros.
“Para impor alguma restrição”, diz Waddington, “a essa
grande licenciosidade intelectual -- para reavivar algum respeito pelas
autoridades antigas -- para erguer alguma barreira, ou pelo menos algum marco,
para a orientação de seus contemporâneos, Pedro Lombardo publicou seu célebre ‘Livro
das Sentenças’”. Tendo estudado por algum tempo na famosa escola de Bolonha,
ele seguiu para Paris com o propósito de prosseguir seus estudos em divindade.
O Livro das Sentenças é uma coleção de passagens dos Pais apostólicos,
especialmente de Santo Hilário, Santo Ambrósio, São Jerônimo e Santo Agostinho --
uma triste mistura, sem dúvida, de verdade e erro; mas o Senhor estava acima de
tudo e poderia usar sua própria Palavra, embora misturada com sutilezas da
moda, para a conversão e bênção das almas. Por muito tempo, isso manteve uma
indiscutível supremacia nas escolas de teologia, e seu autor foi elevado a
grandes honras.
domingo, 15 de julho de 2018
A Teologia da Igreja de Roma
Capítulo 23: A Teologia de Roma
domingo, 8 de janeiro de 2017
Monotelismo e Iconoclastia
{* Para maiores detalhes sobre as diferentes seitas, veja Dicionário das Igrejas Cristãs e Seitas, de Marsden, e Crenças do Mundo, de Gardner.}
A iconoclastia, ou o surto de destruição de imagens, merece uma consideração mais detalhada. Ela penetrou no coração da Cristandade como nenhuma outra controvérsia tinha feito até então, e forma uma importante época na história da Sé Romana. Jezabel agora aparece em suas verdadeiras cores, e, deste momento em diante, seu caráter maligno é indelevelmente estampado no papado. Os papas que então preenchiam a cadeira de São Pedro defendiam e justificavam abertamente a adoração a imagens. Este foi, certamente, o início do papado -- a maturidade do sistema de desonra a Deus. Os fundamentos do papado foram descobertos, e assim tornou-se evidente que a perseguição e a idolatria eram os dois pilares sobre os quais seu domínio arrogante repousava.
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