domingo, 20 de dezembro de 2015

O Segundo Aprisionamento de Paulo em Roma

Alguns supõem que o apóstolo tenha sido preso em Nicópolis (onde ele pretendia passar o inverno) e dali levado prisioneiro a Roma. Outros supõem que, após invernar em Nicópolis e visitar os lugares mencionados anteriormente, ele retornou a Roma em um estado de liberdade pessoal, mas foi preso durante a perseguição de Nero e lançado na prisão.

Quanto à acusação exata que agora era feita contra o apóstolo, e pela qual ele foi preso, não temos meios de verificar com certeza. Pode ter sido simplesmente a acusação por ser um cristão. A perseguição generalizada contra os cristãos agora se enfurecia com maior severidade. Não se tratava mais sobre certas questões da lei, e ele não estava mais sob os cuidados suaves e humanos de Burrus: ele agora era tratado como um malfeitor - como um criminoso comum: "Por isso sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor" (2 Timóteo 2:9) - e muito diferente das cadeias de seu primeiro aprisionamento, quando ele morava em sua própria casa alugada.

Alexandre - que acreditamos ser de Éfeso -  evidentemente tinha algo a ver com sua prisão. Ou ele foi um de seus acusadores ou, ao menos, uma testemunha contra ele. "Alexandre, o latoeiro", ele escreve a Timóteo, "causou-me muitos males" ["exibiu muito mal de espírito contra mim"] (2 Timóteo 4:14) . Dez anos antes disso, ele tinha estado à frente como um antagonista aberto do apóstolo em Éfeso (Atos 19). Ele pode agora ter procurado vingança colocando informação contra o apóstolo perante o prefeito. O fato de ser o mesmo Alexandre de Éfeso parece claro considerando o que ele escreve a Timóteo: "Tu, guarda-te também dele, porque resistiu muito às nossas palavras." (2 Timóteo 4:15)

Durante a primeira e extensa prisão de Paulo, ele estava cercado por muitos de seus mais velhos e valorados companheiros, a quem ele chama de "cooperadores" e "prisioneiros comigo". Por meio destes, seus mensageiros, embora acorrentado e preso em um único local, ele continuou em constante relação com seus amigos por todo o império, e com as igrejas dos gentios que ainda nem tinham visto sua face. Mas seu segundo aprisionamento estava em perfeito contraste com tudo isso. Ele estava longe de todos os seus companheiros de costume. Erasto ficou em Corinto, Trófimo foi deixado doente em Mileto, Tito tinha ido à Dalmácia, Crescente à Galácia, Tíquico tinha sido enviado a Éfeso, e Demas o tinha abandonado, "amando o presente século" (2 Timóteo 4:10).

O apóstolo estava agora quase que inteiramente sozinho. "Só Lucas está comigo", diz ele (2 Timóteo 4:11). Mas o Senhor pensava em Seu solitário e abandonado servo. Um feixe luminoso, a partir da fonte de amor, brilha em meio à escuridão e melancolia de sua prisão. Havia alguém fiel em meio à deserção geral, e alguém que não se envergonhava das cadeias do apóstolo. Quão peculiarmente doce e refrescante para o coração do apóstolo deve ter sido o ministério de Onesíforo naquele tempo! Nunca poderá ser esquecido. Onesíforo e sua casa - que Paulo relaciona consigo mesmo - serão guardados em memória eterna, e deverão colher o fruto de sua coragem e devoção ao apóstolo para sempre e sempre. "Estive na prisão, e foste me ver." (leia Mateus 25:31-46).

No que diz respeito às circunstâncias do julgamento de Paulo, não temos informação certa. Muito provavelmente, na primavera de 66 ou 67 d.C., Nero tomou seu lugar no tribunal, cercado por seus jurados e a guarda imperial, e Paulo foi levado à corte. Temos razões para acreditar que o espaçoso lugar se encheu de uma multidão promíscua de judeus e gentios. O apóstolo estava mais uma vez diante do mundo. Ele tinha novamente a oportunidade de proclamar a todas a nações aquilo pelo qual ele tinha sido feito prisioneiro - "e todos os gentios a ouvissem." (2 Timóteo 4:17). Imperadores e senadores, príncipes e nobres, e todos os grandes da terra, deveriam ouvir o evangelho da graça de Deus. Tudo o que o inimigo tinha feito se torna um testemunho ao nome de Jesus. Aqueles que antes eram inacessíveis ouvem o evangelho pregado com poder do alto.

Seria bastante proveitoso nos demorarmos nessa maravilhosa cena por alguns momentos. Nunca antes houve tal testemunho no pretório de Nero. A sabedoria de Deus em tornar todos os esforços do inimigo em tal testemunho é a mais profunda, enquanto Seu amor e graça no evangelho brilha inefável e igualmente para todas as classes. O próprio apóstolo comanda nossa devota admiração. Embora nesse momento seu coração estivesse quebrado pela infidelidade da igreja, ele permaneceu forte no Senhor e na força do Seu poder. Ele tinha uma oportunidade de falar de Jesus, de Sua morte e ressurreição, de modo que a multidão pagã pudesse ouvir o evangelho. Sua idade, suas fraquezas, sua forma venerável, seu braço agrilhoado, tudo isso tendia a aprofundar a impressão de sua eloquência viril e direta. Mas, felizmente, temos um relato, de sua própria pena, da primeira audiência de sua defesa. Ele escreve assim a Timóteo, imediatamente após o evento: "Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado. Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão." (2 Timóteo 4:16,17)
"Observe agora, e veja o santo escolhido de Cristo
Em triunfo usar cadeias como seu Senhor;
Nenhum temor irá desviá-lo ou abatê-lo
Sua vida é Cristo, sua morte é lucro.”

Os Lugares Visitados por Paulo Durante sua Liberdade

Tendo conhecido essas diferentes teorias para examinação própria por parte do leitor, vamos tomar nota dos lugares visitados por Paulo mencionados nas Epístolas.

1. Algum tempo depois de ter deixado Roma, Paulo e seus companheiros devem ter visitado a Ásia Menor e a Grécia. "Como te roguei, quando parti para a macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina." (1 Timóteo 1:3). Sentindo-se, talvez, um pouco ansioso por seu filho Timóteo e pelo peso das responsabilidades de sua posição em Éfeso, ele envia uma carta de encorajamento, conforto e autoridade, enquanto estava ainda na Macedônia - A Primeira Epístola a Timóteo.

2. Algum tempo depois, Paulo visitou a ilha de Creta em companhia de Tito, e o deixou lá. Ele também, algum tempo depois, envia a ele uma carta de instrução e autoridade, a Epístola a Tito. Timóteo e Tito podem ser considerados como delegados ou representantes do apóstolo. "Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei." (Tito 1:5)

3. Paulo pretendia passar o inverno em um lugar chamado Nicópolis: "Quando te enviar Ártemas, ou Tíquico, procura vir ter comigo a Nicópolis; porque deliberei invernar ali." (Tito 3:12)

4. Ele visitou Trôade, Corinto e Mileto. "Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos... Erasto ficou em Corinto, e deixei Trófimo doente em Mileto." (2 Timóteo 4:13,20)

A Partida de Paulo da Itália

1. Ao escrever aos Romanos, antes de seu aprisionamento, Paulo expressou sua intenção de passar por Roma até a Espanha. "Quando partir para Espanha", diz ele, "irei ter convosco". E novamente: "Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha." (Romanos 15:24,28). Alguns pensam que ele tenha ido à Espanha imediatamente após sua libertação. A principal evidência apresentada em favor dessa hipótese é suprida por Clemente, um cooperador mencionado em Filipenses 4:3, que dizem que mais tarde era reconhecido como um bispo de Roma. O escritor fala de Paulo ter pregado o evangelho do leste a oeste: que ele tinha instruído o mundo todo (se referindo, sem dúvidas, ao Império Romano), e que ele tinha ido ao mais extremo oeste - ou seja, até a região da Espanha. Como Clemente foi um dos próprios discípulos e cooperadores de Paulo, seu testemunho é digno de nosso respeito. Ainda assim, não está nas Escrituras, e portanto não pode ser considerado conclusivo.

2. Pelas cartas mais recentes de Paulo, ele parece ter alterado seus planos e desistido da ideia de ir à Espanha, pelo menos por um tempo. Podemos tirar isso principalmente das Epístolas a Filemom e aos Filipenses. Ao primeiro ele escreve: "E juntamente prepara-me também pousada, porque espero que pelas vossas orações vos hei de ser concedido." (Filemom 1:22). Aqui ele pede a Filemom que espere pois iria em breve ter com ele em pessoa. Aos filipenses ele escreve, e falando de Timóteo acrescenta: "De sorte que espero vo-lo enviar logo que tenha provido a meus negócios. Mas confio no Senhor, que também eu mesmo em breve irei ter convosco.". E novamente, "E espero no Senhor Jesus que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios." (Filipenses 2:19,23,24). Os movimentos pretendidos do apóstolo e de seu amado Timóteo parecem muito claros nessas passagens. Era evidentemente o propósito do apóstolo enviar Timóteo a Filipos assim que o julgamento terminasse, e ficar na Itália até que Timóteo retornasse com um relatório sobre a condição deles.

3. Pode-se razoavelmente esperar que Paulo tenha cumprido a intenção que ele havia expressado tão recentemente, de visitar as igrejas na Ásia Menor, algumas das quais ainda nem mesmo tinha conhecido. Tendo cumprido os objetivos de sua missão à Ásia Menor, alguns pensam que, depois disso, ele deve ter empreendido sua viagem à Espanha, mas sobre isso não temos informação confiável, e a mera conjectura não tem valor.

4. Outra teoria é que ele tenha ido da Itália para a Judeia, e daí para a Antioquia, Ásia Menor e Grécia. Este esquema se baseia principalmente em Hebreus 13:23,24. "Sabei que já está solto o irmão Timóteo, com o qual, se ele vier depressa, vos verei... Os da Itália vos saúdam." É também suposto que, enquanto ele estava esperando em Potéoli para a embarcação, imediatamente após o retorno de Timóteo, notícias chegaram ao apóstolo de que uma grande perseguição se erguia contra os cristãos em Jerusalém. Esse conhecimento tão triste encheu tanto o coração de Paulo com tristeza que ele escreveu sua famosa carta a eles - a Epístola aos Hebreus. Pouco tempo depois Timóteo teria chegado, e então Paulo e seus companheiros partiram para a Judeia. *

(* Para pormenores sobre a perseguição veja Josefo, Ant. 20, 9, 1.)

sábado, 12 de dezembro de 2015

A Absolvição e Libertação de Paulo

Depois de quatro anos cheios em prisão, parte na Judeia e parte em Roma, o apóstolo está novamente em liberdade. No entanto, não temos detalhes particulares quanto ao caráter de seu julgamento, ou quanto aos motivos de sua absolvição. O historiador sagrado nos conta que ele ficou por dois anos inteiros em sua própria casa alugada, mas ele não diz o que se seguiu ao final desse período. Teria se seguido a condenação e morte do apóstolo, ou sua absolvição e liberação? Esta é a questão, e a única resposta certa para ela deve ser retirada principalmente das Epístolas Pastorais. A Primeira a Timóteo e a Epístola a Tito parecem ter sido escritas na mesma época; e a Segunda a Timóteo algum tempo depois.

É admitido, cremos, por quase todos os que são competentes para decidir sobre tal questão, que Paulo foi absolvido, e que ele passou alguns anos em viagem, em perfeita liberdade, antes de ser novamente preso e condenado. E, embora seja difícil traçar os passos do apóstolo durante esse período, ainda assim podemos tirar algumas conclusões pelas suas cartas, sem invadir o domínio da conjectura. Muito provavelmente ele viajou rapidamente e visitou muitos lugares. Durante o prolongado período de seu aprisionamento, muito mal tinha sido feito pelos seus inimigos nas igrejas que foram plantadas por meio dele. Elas precisavam de sua presença, seu conselho e seu encorajamento. E pelo que conhecemos quanto à sua energia e zelo, podemos ter certeza de que nenhum trabalho seria poupado para visitá-las.

Epístolas que foram Escritas por Paulo Durante seu Aprisionamento

Não pode haver dúvida de que a Epístola a Filemom, aos Colossenses, aos Efésios e aos Filipenses foram escritas por volta dos últimos tempos de Paulo como prisioneiro em Roma. Ele se refere a suas "prisões" em todas essas cartas, e fala repetidamente sobre a expectativa de sua libertação (Compare Filemom 1:22; Colossenses 4:18; Efésios 3:1; 4:1; 6:20; Filipenses 1:7, 25; 2:24; 4:22). Além disso, ele deve ter estado por tempo o bastante em Roma para que as novidades sobre sua prisão chegassem aos afetuosos filipenses, e para que eles tivessem lhe enviado refrigério.

As três primeiras parecem ter sido escritas algum tempo antes da Epístola aos Filipenses. Paulo fala sobre um assunto urgente o qual teve de ser resolvido em sua epístola a eles: "De sorte que espero vo-lo enviar logo que tenha provido a meus negócios. Mas confio no Senhor, que também eu mesmo em breve irei ter convosco." (Filipenses 2:23,24). As três primeiras podem ter sido escritas por volta da primavera do ano 62 d.C., e enviadas por Tíquico e Onésimo; a última, no outono e enviada por Epafrodito.

Supõe-se também que a Epístola aos Hebreus tenha sido escrita por essa época, e cada justa consideração leva à conclusão de que Paulo foi o escritor. A expressão ao final da epístola "os da Itália vos saúdam" parecem decisivas quanto a onde o escritor estava quando a escreveu.  E as seguintes passagens parecem ser decisivas quanto à época: "Sabei que já está solto o irmão Timóteo, com o qual, se ele vier depressa, vos verei." (Hebreus 13:23,24). Compare isto com o que Paulo escreveu aos filipenses: "E espero no Senhor Jesus que em breve vos mandarei Timóteo... logo que tenha provido a meus negócios. Mas confio no Senhor, que também eu mesmo em breve irei ter convosco." (Filipenses 2:19,23,24). É difícil duvidar que essas passagens não tenham sido escritas pela mesma caneta por volta da mesma época, e que se referem aos mesmo movimentos pretendidos. Mas não iremos insistir nesse ponto. Uma coisa, no entanto, é evidente - que a epístola foi escrita antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C., pois o templo ainda estava de pé, e a adoração no templo continuava inalterada. Compare Hebreus 8:4; 9:25; 10:11; 13:10-13.

O Escravo Foragido, Onésimo

De todos os convertidos que o Senhor deu ao apóstolo estando preso, nenhum deles parece ter ganho tão inteiramente seu coração como o pobre escravo fugitivo, Onésimo. Uma bela imagem de força, humildade e ternura do divino amor no coração que trabalha pelo Espírito, e docemente brilha em todos os detalhes da vida individual! O sucesso do apóstolo no palácio imperial não enfraquece seu interesse em um jovem discípulo da mais baixa condição da sociedade. Nenhuma porção da comunidade era mais depravada do que os escravos. Mas quem se associaria a um escravo fugitivo naquela devassa cidade? Mesmo assim, a partir destas profundezas, Onésimo é tirado pelas mãos invisíveis do amor eterno. Ele cruza o caminho do apóstolo, ouve-o pregar o evangelho, é convertido, dedica-se de uma vez por todas ao Senhor e a Seu serviço, e encontra em Paulo um amigo e irmão, assim como um líder e mestre. E agora resplandecem as virtudes e o valor do cristianismo, e as mais doces aplicações da graça de Deus para com um escravo pobre, sem amigos, destituído e foragido.

"O que é o cristianismo?", podemos perguntar, e qual sua origem, em vista de tais novidades em Roma. O que é o cristianismo no mundo? Será que foi aos pés de Gamaliel que Paulo aprendeu a amar assim? Não, querido leitor. Foi aos pés de Jesus. Que bom seria se o eloquente historiador de "O Declínio e a Queda do Império Romano" tivesse entrado nesta cena e aprendido o valor do cristianismo divino, em vez de ter se delongado em ridicularizá-lo com desdém! Se pensarmos por um momento nos trabalhos do apóstolo nesse tempo - sua idade - suas fraquezas - suas circunstâncias (para não falar dos assuntos elevados, e das imensas verdades fundamentais que então ocupavam sua mente) - podemos muito bem admirar a graça que podia entrar em cada detalhe do relacionamento de mestre e escravo, e isto com tal delicada consideração por cada pedido. A carta que ele enviou, com Onésimo, ao seu injuriado mestre Filemom, é claramente a mais tocante já escrita. Lendo-a por alto, perderemos o calor e seriedade de suas afeições, a delicadeza e equidade de seus pensamentos, ou a sublime dignidade que permeia por toda a epístola.

Vamos agora ponderar por um momento sobre as epístolas escritas durante sua prisão.

sábado, 5 de dezembro de 2015

A Ocupação de Paulo Durante Sua Prisão

Embora um prisioneiro, ele foi autorizado a manter livre relação com seus amigos, e foi então cercado de muitos de seus mais antigos e fiéis companheiros. Das Epístolas aprendemos que Lucas, Timóteo, Tíquico, Epafras, Aristarco e outros estavam com o apóstolo durante esse tempo. Ainda assim, devemos nos lembrar que ele estava, como prisioneiro, preso em cadeias a um soldado e exposto ao rude controle de tal. Devido ao longo atraso de seu julgamento, ele permaneceu nessa condição por dois anos, durante o qual ele pregou o evangelho e abriu as escrituras às congregações que vinham ouvi-lo. Ele também escreveu várias epístolas para as igrejas em lugares distantes.

Tendo plena e fielmente cumprido o dever que tinha para com os judeus, o povo favorecido de Deus, ele agora se dirige aos gentios, embora não deixasse totalmente de lado os judeus. Sua porta estava aberta de manhã até a noite para todos que quisessem vir e ouvir as grandes verdades do cristianismo. E, em alguns aspectos, ele nunca teve oportunidade melhor, uma vez que, sob proteção dos romanos, os judeus não tinham permissão para incomodá-lo.

Os efeitos da pregação de Paulo através da bênção do Senhor logo foram manifestos. Os guardas romanos, a família de César, e pessoas de "todos os demais lugares" foram abençoados através dele. "E quero, irmãos, que saibais", escreve ele aos filipenses, "que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho; de maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares". E depois, o apóstolo diz: "Todos os santos vos saúdam, mas principalmente os que são da casa de César." (Filipenses 1:12,13; 4:22). A bênção parece ter sido primeiramente manifesta ao pretório, ou entre os guardas pretorianos. "As minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana", isto é, no alojamento dos guardas e tropas. O evangelho da glória que Paulo pregava foi ouvido por todos eles. Até mesmo o gentil prefeito romano Burrus, com seu amigo íntimo Sêneca, tutor de Nero, pode ter ouvido o evangelho da graça de Deus. Os modos corteses de Paulo, e suas grandes habilidades, tanto naturais quanto adquiridas, eram bem adequadas para atrair tanto o estadista quanto o filósofo. Sua estadia ali por dois anos lhe trouxe muitas oportunidades.

Ele deve ter ficado conhecido, podemos dizer, entre quase todos os guardas. Com cada mudança de guarda, a porta para o evangelho se abria cada vez mais. Estando constantemente preso a um dos soldados como sentinela, e sendo tal sentinela constantemente substituído, ele então se familiarizou com muitos; e com que amor, fervor e ardente eloquência ele deve ter falado com eles sobre Jesus e sobre a necessidade que tinham dEle! Mas devemos esperar até a manhã da primeira ressurreição para vermos os resultados da pregação de Paulo naquele lugar. O dia o declarará, e Deus terá toda a glória.

O apóstolo também nos faz saber que o evangelho tinha penetrado no próprio palácio. Havia santos na casa de César. O cristianismo foi plantado dentro das paredes imperiais, "e por todos os demais lugares". Sim, "por todos os demais lugares", disse o historiador sagrado. Não apenas Paulo estava trabalhando dentro dos recintos imperiais, como também seus companheiros, a quem ele chama de "cooperadores", estavam sem dúvidas pregando o evangelho "por todos os demais lugares", dentro e fora da cidade imperial, de modo que o sucesso do evangelho pudesse ser atribuído aos esforços de outros, assim como aos incansáveis esforços do grande apóstolo em seu cativeiro.

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