Mostrando postagens com marcador Acre. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Acre. Mostrar todas as postagens

domingo, 16 de outubro de 2022

O Primeiro Jubileu Papal

Capítulo 34: Lutero: A Reforma na Alemanha (1517-1521 d.C.)

A avareza do clero romano e a superstição do povo foram grandemente excitadas pelas Cruzadas. Por duzentos anos, elas foram a fonte de enorme riqueza e poder para a igreja, e de incalculável miséria, ruína e degradação para as nações da Europa. Nessas chamadas guerras santas, cerca de seis milhões de europeus morreram e cerca de duzentos milhões de dinheiro foram gastos; além disso, a propriedade de um cruzado era comumente colocada, durante a expedição, sob a proteção do bispo e, no caso de sua morte -- o que geralmente acontecia -- ficava em suas mãos. Mas felizmente aquilo que "está singularmente marcado no templo da história como um monumento do absurdo humano, de uma paixão unânime", chegou ao fim no final do século XIII. 

No ano de 1291, o Acre, o último posto militar ocupado pelos cristãos na Palestina, caiu nas mãos dos turcos. Os incrédulos ficaram então de posse do sepulcro de Cristo e de todos os lugares santos e objetos de peregrinação. Assim terminou o grande esquema papal e a alardeada glória das Cruzadas à Terra Santa. 

Duas questões graves surgiram então: Como o tesouro papal deveria ser nutrido e como o desejo do povo por indulgências deveria ser satisfeito? O papa quer dinheiro, o povo quer que seus pecados sejam perdoados e está disposto a pagar por isso. Para atender a esses dois importantes objetivos, o papa descobriu um novo e mais bem-sucedido caminho. “Chegamos ao último ano do século XIII”, disse o Papa Bonifácio, “que o primeiro ano do décimo quarto século seja ano de jubileu”. A Palestina estava irremediavelmente perdida; a cruz e o sepulcro do Salvador estavam nas mãos dos sarracenos; mas a cidade santa de Roma e os túmulos dos apóstolos estavam abertos aos peregrinos. Ao mudar habilmente o local de peregrinação de Jerusalém para Roma, o fim desejado foi alcançado. Nunca a superstição obteve tanto sucesso. 

Em 22 de fevereiro de 1299, foi emitida uma bula, prometendo indulgências de extraordinária plenitude a todos que, no ano seguinte, com a devida penitência e devoção, visitassem os túmulos de São Pedro e São Paulo -- os romanos uma vez por dia, por trinta dias sucessivos, e os estrangeiros por quinze. A bula foi imediatamente promulgada em toda a Cristandade. Afirmava que todos os que confessassem e lamentassem seus pecados, e fizessem devotamente uma peregrinação ao túmulo do "chefe dos apóstolos", receberiam uma indulgência plenária; ou, em outras palavras, uma remissão completa de todos os pecados, passados, presentes e futuros. Uma indulgência desse tipo até então estava limitada aos cruzados; a consequência foi que toda a Europa entrou em um frenesi de excitação religiosa. Multidões de todas as partes apressaram-se a Roma. O som de boas-vindas do Jubileu atraiu toda a Cristandade ocidental para esta vasta e pacífica cruzada. "Durante todo o ano, as estradas nas partes mais remotas da Alemanha, Hungria e Grã-Bretanha estavam cheias de peregrinos de todas as idades, de ambos os sexos, que procuravam expiar seus pecados, não por uma peregrinação armada e perigosa a Jerusalém, mas por uma menos dispendiosa, e menos perigosa, viagem a Roma."  

domingo, 14 de janeiro de 2018

A Terceira Cruzada (1189 d.C.)

No ano de 1187, o famoso Saladino, Sultão do Egito, invadiu a Terra Santa à frente de um grande exército. Seu objetivo declarado era retomar Jerusalém dos cristãos. Tendo tido uma grande vitória em Tiberíades, ele forçou seu exército contra as muralhas da Cidade Santa, sitiou-a, e levou seu monarca como prisioneiro. A cidade rendeu-se a Saladino no dia 3 de outubro. A cruz foi derrubada, relíquias foram dispersas, os lugares sagrados profanados, e a adoração muçulmana restaurada. Não obstante a conduta de Saladino, embora um conquistador e muçulmano, ele estava totalmente livre daquele espírito de vingança que manchou o caráter dos francos sob Godofredo. Ele poupou o santo sepulcro, e permitiu que os cristãos o visitassem por um determinado pagamento. Sua generosidade para com os cativos é celebrada por todos os escritores. Milhares foram libertados sem um preço de resgate, e multidões receberam uma passagem para a Europa às suas próprias custas. Os cristãos podiam permanecer em suas casas sob a condição de pagarem tributos.

As notícias dessas novas calamidades, e especialmente da conquista de Jerusalém, excitou as maiores indignações e alarmou toda a Cristandade. Novamente o clamor  dos cristãos no Oriente por ajuda foi ouvido por seus irmãos no Ocidente. Mas no início eles se aborreceram ao ouvir. Apenas quarenta anos tinham se passado desde a última expedição, e a Europa mal tinha esquecido seus infortúnios, ou se recuperado de sua exaustão. Mas a causa foi vigorosamente tomada pelo papa, Clemente III. Os cardeais combinaram entre si de nunca montarem num cavalo "enquanto a terra na qual estiveram os pés do Senhor estivesse sob os pés do inimigo", e de pregarem a cruzada como mendigos. O interesse aumentou, embora os homens inicialmente hesitassem em se comprometerem com a empreitada. Mas o padre perseverou, e os três grandes príncipes da Europa foram influenciados para receber a cruz das mãos do bispo; seus súditos foram tributados, sob o nome de "Dízimo de Saladino", para pagar as despesas da guerra.

Na primavera de 1189, a terceira cruzada foi iniciada por Frederico I da Alemanha, de apelido Barbarossa; Filipe Augusto da França; e Ricardo I da Inglaterra, de apelido Coração de Leão, ou o príncipe de coração de leão. Barbarossa, então com 67 anos de idade, com seu grande exército, atravessou as províncias da Hungria, Bulgária e Grécia, como tinham feito os antigos peregrinos, e foram novamente molestados pelos primeiros dois e traídos pelo último. Oitenta e três mil alemães cruzaram o Helesponto, e por alguns dias a marcha deles através da Ásia Menor foi próspera; mas os guias e intérpretes que foram fornecidos pelos gregos tinham sido subornados para enganá-los, e após atraí-los para o deserto, desapareceram. Nenhum mercado pôde ser encontrado, cavalos morreram pela falta de comida, e suas carnes foram avidamente devoradas pelos soldados. Ainda assim ele foi capaz de manter a disciplina; e, embora com um número muito reduzido, ousadamente atacou e derrotou os turcos com grande matança, enquanto seu filho assaltava a cidade de Icônio e forçava o Sultão a se render. O exército, suprido com as provisões de Icônio, prosseguiu na esperança de rapidamente alcançarem o objetivo de sua expedição; mas seu grande líder morreu no ano seguinte próximo a Tarso, e Frederico, o filho, morrendo pouco tempo depois, fez com que vários sobreviventes abandonassem a cruzada e retornassem à Europa. Sessenta e oito mil do exército alemão tinha perecido em menos de dois anos.

Os exércitos da Inglaterra e da França alcançaram a Palestina pelo mar no ano de 1190, e lutaram sob a mesma bandeira. Mas após a redução ocorrida em Acre, Filipe retornou à Europa, deixando Ricardo para continuar a guerra. A coragem do rei "de coração de leão" foi tão celebrada, tanto na história inglesa quanto muçulmana, que precisamos apenas acrescentar que ele derrotou Saladino em Ascalão e, tendo conseguido uma paz que assegurava certos privilégios aos peregrinos em Jerusalém e ao longo da costa do mar, retornou à Inglaterra em 1194, embora não sem grande dificuldade e custo. Saladino morreu em 1195, enquanto Ricardo estava em seu caminho para casa. Reconhece-se que, na expedição assim concluída, mais de meio milhão de professos guerreiros cristãos pereceram. Apenas no cerco do Acre, cento e vinte mil cristãos, e cento e oitenta mil muçulmanos, pereceram. Tais eram as alegadas guerras santas dos concílios de Roma inspirados pelo maligno.

Postagens populares