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domingo, 26 de novembro de 2017

A Segunda Divisão da Primeira Cruzada

Entretanto, enquanto a multidão pobre, nua, iludida e plebeia era reduzida a nada, a aristocracia do Ocidente assumia a cruz, encorajavam-se uns aos outros, e preparavam-se para partir na mesma missão sagrada. Precisaremos falar um pouco sobre os chefes, para que possamos ter alguma ideia de quão minuciosamente a epidemia tinha afetado todas as classes.

O mais eminente foi Godofredo de Bulhão, um descendente de Carlos Magno. A primeira classe lhe é atribuída tanto na guerra quanto no conselho. Ele tinha acompanhado Guilherme da Normandia em sua invasão à Inglaterra; novamente, ao serviço de Henrique IV, ele possui a reputação de dar a Rodolfo sua ferida de morte, o que encerrou a guerra civil; e ele foi o primeiro do exército de Henrique a atravessar os muros de Roma. Ele é representado pelos cronistas como notável pela profundidade de sua piedade e pela suavidade de seu caráter na vida cotidiana; mas era sábio em seus conselhos, e ousado como um leão no campo de batalha. Ele foi acompanhado por seus dois irmãos, Eustácio e Balduíno; Hugo, irmão do rei da França; os condes Raimundo de Toulouse, Roberto da Flandres e Estêvão de Blois; e também Roberto, duque da Normandia, filho de Guilherme, o Conquistador. Mas tão grande e tão geral foi a excitação, que quase todos os galantes chefes da Europa estavam inspirados com coragem de cavaleiros e rivalidades nacionais, para se distinguirem nesta guerra santa.

Supõe-se que seiscentos mil homens tenham deixados seus lares nessa época, com inumeráveis atendentes, mulheres e servos, e operários de todos os tipos. A dificuldade de obter subsistência para tantos os levou a separarem suas forças e a prosseguirem até Constantinopla por diferentes rotas. Foi acordado que eles deveriam todos se encontrarem lá, e daí começaram suas operações contra os turcos. Após uma marcha longa e dolorosa, na qual milhares pereceram, os sobreviventes alcançaram a capital oriental. Aleixo, embora pudesse ser grato por uma força moderada vinda do Ocidente para ajudá-lo contra os turcos, que estavam perigosamente próximos dele, ficou atônito e alarmado com a aproximação de tantos chefes poderosos e grandes exércitos. A paz de suas fronteiras tinha sido perturbada pelos furtos e irritação das promíscuas multidões sob Pedro, o Eremita; mas ele temeu consequências mais sérias da chegada de tais tropas formidáveis sob Godofredo. Ao saber de uma companhia que uma outra logo se seguiria, ele os atraiu astuciosamente pelo Bósforo, de modo que não se reunissem nas proximidades de sua capital. Por esse meio, embora não sem ameaçadas hostilidades, os cruzados passaram, todos, para a Ásia antes da festa de Pentecostes.

domingo, 27 de agosto de 2017

Os Efeitos da Política Papal

Gregório logo percebeu que tinha ido longe demais -- que a humilhação em Canossa não poderia jamais ser esquecida e nunca poderia sossegar até que fosse vingada. A compaixão, assim como o interesse, moveu muitos príncipes e prelados a se reunirem em torno do rei caído, agora que estava liberto do banimento da excomunhão. Hildebrando (Gregório VII) era odiado pela maioria por causa de sua tirania política, e temido por causa de suas censuras eclesiásticas. Os revoltados príncipes da Alemanha ficaram secretamente encorajados pelo papa a disputar a posse do trono com Henrique, o que aumentou sua perplexidade e o preveniu de voltar seus exércitos contra Roma. Ele rezou para que Henrique nunca pudesse prosperar na guerra e, no nome e com as bênçãos dos apóstolos, concedeu o reino da Alemanha ao rebelde Rodolfo, duque da Suábia. O papa até mesmo se aventurou a profetizar que dentro de um ano Henrique estaria morto ou deposto; e, como se soubesse o fim desde o início, enviou uma coroa ao futuro rei, com uma inscrição significando que aquilo era o presente de Cristo a São Pedro, e de São Pedro a Rodolfo. Mas logo ele provou-se um profeta mentiroso, assim como um padre mentiroso, e o fomentador sem remorsos de uma guerra civil.*

{*Robertson, vol. 2, p. 594.}


A força do rei aumentou gradualmente apesar de todas as tramas iníquas e cruéis de Gregório. Após anos da mais terrível guerra civil e derramamento de sangue, os exércitos de Henrique e de seu rival, Rodolfo, se encontraram uma vez mais nas margens do rio Elster, em outubro de 1080. A batalha foi longa e obstinada, mas a queda de Rodolfo deu a Henrique a vitória. Ele recebeu sua ferida de morte, conta-se, da lança de Godofredo, mais tarde o primeiro rei de Jerusalém, e um golpe de sabre de um outro decepou sua mão direita. Relata-se que o príncipe moribundo, olhando para sua mão decepada, reconheceu com tristeza: "Com essa mão eu ratifiquei meu juramento de fidelidade ao meu soberano, Henrique: a punição é justa, e agora perdi a vida e o reino". Após os adversários do rei ficarem, então, desencorajados e paralisados, ele decidiu tornar suas forças contra seu mais formidável e irreconciliável inimigo. Ele cruzou os Alpes, entrou na Itália e sitiou os muros de Roma.

Estando a cidade bem provisionada, com as muralhas fortalecidas e com a lealdade dos romanos assegurada pela riqueza de Matilde, Henrique empenhou-se por mais ou menos três anos em bloquear e sitiar Roma, mas no verão de 1083 ele ganhou posse da cidade culpada. Gregório tomou refúgio no forte castelo de Santo Ângelo, e alguns de seus partidários em suas casas fortificadas. Henrique estava disposto a fazer acordos com Hildebrando, e a aceitar a coroa imperial de suas mãos. Mas o papa não queria saber de nada que não fosse a submissão incondicional de Henrique. "Que o rei renuncie a sua dignidade e se submeta à penitência", foram os únicos termos de Gregório. O clero -- bispos, abades e monges -- e os leigos suplicaram-lhe que tivesse misericórdia da cidade afligida, e que entrasse em acordo com o rei.

Mas todas as tentativas de negociação foram infrutíferas; o papa inflexível desprezava igualmente súplicas e ameaças. A submissão absoluta de Henrique e a satisfação à igreja eram as altas exigências do papa aprisionado em seu castelo. Mas Henrique não era mais o abandonado, o de espírito quebrantado e suplicante aos seus pés, como tinha sido em Canossa.

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